segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Deixa eu te contar - Volume 2 (Divulgando)

Deixa eu te contar ? Volume 2- Seleção até 24 de outubro.

Se você sempre sonhou em ter um conto publicado, está no lugar certo!

Antologia “Deixa eu te contar?”

Um livro de contos direcionado para o público adolescente.
Para participar é só conferir o regulamento abaixo e enviar o seu conto.
































Regulamento
1) DA PARTICIPAÇÃO
1.1. A antologia “Deixa eu te contar?” é promovida pelos blog da izabelle Valladares, representados legalmente neste ato, pela Escritora e Acadêmica Izabelle Valladares, 
1.2. Poderão participar da antologia todas as pessoas físicas , residentes legais no Brasil, bem como brasileiros residentes no exterior. Também poderão participar da Antologia escritores de outras nacionalidades, desde que a língua mantida seja a língua portuguesa.
1.3. Das características da antologia: A Antologia “Deixa eu te contar?” receberá única e exclusivamente contos cujo tema seja infanto-juvenil, direcionado ao primeiro leitor crítico (10 á 18 anos) sendo que a criatividade e imaginação do escritor darão o toque e estilo ao trabalho.
1.4. Menores de 21 anos, poderão participar da antologia, mediante autorização por escrito de um responsável legal, acompanhada de fotocópia do original de documento de identidade do mesmo para conferência e registro de inscrição.
1.5. A participação se dará no sistema de cotas, sendo que cada autor deverá proceder ao pagamento de R$50,00 cinqüenta reais.
Os escritores também terão direito á 8 % das vendas do livro,á partir da segunda edição.
O lançamento será no estado do Rio de Janeiro, ou em caso de maioria do estado de São Paulo, em SP capital.
1.6. Serão selecionados, ao todo, trinta participantes, que receberão um total de três exemplares da Antologia sendo que um exemplar será a título de direitos autorais para essa primeira edição. Especificação do Produto:
Título; “Deixa eu te contar?”

1.7. A presente antologia será confeccionada pela EDITORA que a organizadora escolher  e tem como finalidade estimular a produção de contos, formação e divulgação de novos autores.

2)DA ACEITAÇÃO DOS CONTOS
2.1. Serão aceitos apenas contos inéditos em língua portuguesa, de temática pertinente a antologia, com limite de quatro mil caracteres com espaços, em formato A4, espaços de 1,5 entre linhas, fontes times ou arial tamanho 14, acompanhados dos dados de inscrição que constam no parágrafo 5.5 desse regulamento.
2.2. Não serão aceitos fanfics nem contos que pertençam ao universo de personagens já existentes criados por outro autor.
2.3. Os contos devidamente formatados (arquivo doc) deverão ser anexados e enviados a/c de Izabelle valladares para o email antologia@izabellevalladares.com.br e de Nathalia Souza do escritorasteens@hotmail.com, e no corpo da mensagem, o autor deverá fornecer as informações exigidas por este regulameto (dados de inscrição e demais documentos de autorização, etc), para que se efetue a inscrição.
2.4. Os contos inscritos deverão contemplar, obrigatoriamente, os seguintes elementos:
(a) narrativa em primeira pessoa ou terceira pessoa;
(b) temática da antologia (infanto juvenil), sendo que o tratamento dado ao tema será de exclusividade de cada autor.
(c) não ultrapassar o limite de 4500 caracteres sem espaços.
2.5. Caso o autor deseje que seu conto tenha mais do que o espaço reservado de 5000 caracteres ele terá a opção de adquirir o valor de duas cotas, assim podendo ampliar seu espaço na antologia. Os procedimentos são os mesmo citados no item 1.5 desse regulamento, caso haja espaço na antologia liberaremos alguns autores que excedam sem custo extra.

3) NÃO SERÃO ACEITOS CONTOS QUE:
(a) possam causar danos a terceiros, seja através de difamação, injúria ou calúnia, danos
materiais e/ou danos morais;
(b) ofendam a liberdade de crença e as religiões;
(c) contenham dados ou informações racistas ou discriminatórias;
(d) tenham a intenção de divulgar produtos ou serviços alheios aos objetivos da
antologia ou que tenham qualquer finalidade comercial;
(e) façam propaganda eleitoral ou divulguem opinião favorável ou contrária a partidos
ou candidatos;
(f) tenham sido produzidos por terceiros;
(g) que não venham formatados nas normas estabelecidas por esse regulamento e
descritas no item 2.1.

4) DOS CONTOS INSCRITOS
4.1. Os contos inscritos serão analisados e selecionados mediante avaliação do profissional nomeado pela organização da Antologia, cujas decisões serão soberanas e irrecorríveis. A avaliação se dará com base nos seguintes critérios:
(a) criatividade e originalidade do enredo;
(b) adequação do enredo ao universo ficcional do livro;
(c) impacto do conto e qualidade dos recursos narrativos utilizados.
4.2. Ao se inscrever na Antologia o autor autoriza automaticamente a veiculação de seu conto, sem ônus para a Editora nos meios de comunicação existente ou que possam existir com a intenção de divulgar a antologia.

5) SOBRE AS INSCRIÇÕES:
5.1. As inscrições para a Antologia “Deixa eu te contar?” serão abertas às 24h00min do dia 24 de setembro de 2010 e encerradas em 24 de outubro de 2010, podendo ser encerradas antes, caso o número de contos recebidos e avaliados sejam aprovados antes da data, no formato e padrão já descritos, sendo que a partir desse momento o prazo para publicação é de 120 dias. As inscrições só poderão ser feitas pelos e-mails acima citados.
5.2. Um determinado conto poderá ter mais de um autor, num número limite de dois. Um determinado autor poderá participar da antologia com mais de um conto, desde que observado o parágrafo 1.5 e 2.5 desse regulamento.
5.3. As inscrições são gratuitas.
5.4. Para participar os candidatos deverão, além de enviar um ou mais contos de acordo com as regras estabelecidas neste regulamento, fornecer as informações a seguir:
(a) nome completo do autor do conto e de seu responsável legal(se for menor de idade);
(b) data de nascimento;
(c) número do documento de identidade pessoal e do responsável legal(se for menor de
idade);
(d) endereço físico e eletrônico, completo e legível;
(e) telefone fixo e celular;
(f) informação de onde e como ficou sabendo da antologia;
(g) autorização por escrito assinada pelo responsável (se for menor de idade) e fotocópia legível do documento de identidade do mesmo (cópia escaneada e enviada junto com o e-mail);
(h) mini biografia de no máximo três linhas para cada autor. No caso de contos com dois autores o espaço deverá ser dividido entre ambos.
Uma foto em preto e branco.
(i) frete de entrega dos livros será por conta do autor.
5.5. Só serão aceitas inscrições através dos procedimentos previstos neste regulamento. Os dados fornecidos pelos participantes, no momento das inscrições, deverão estar corretos, claros e precisos. É de total responsabilidade dos participantes a veracidade dos dados fornecidos à organização da Antologia “Para brincar de ler”
5.6. Em caso de fraude comprovada, o conto será excluído automaticamente da antologia.
5.7. Os participantes concordam em autorizar, pelo tempo que durar a antologia com a editora, que a organização faça uso do seu conto, suas imagens, som da voz e nomes em mídias impressas ou eletrônicas para divulgação da Antologia, sem nenhum ônus para os organizadores, e para benefício da maior visibilidade da obra e seu alcance junto ao leitor.

6) OUTRAS INFORMAÇÕES
6.1. Dúvidas relacionadas a esta antologia e seu regulamento poderão ser enviados para o e-mail antologia@izabellevalladares.com.br
6.2. Todas as dúvidas e casos omissos neste regulamento serão analisados por uma comissão composta pela equipe organizadora e sua decisão será irrecorrível.
6.3. Para todos os efeitos legais, os participantes do presente Antologia, declaram ser os legítimos autores dos contos inscritos e garantem o ineditismo dos mesmos, isentando a Editora de qualquer reclamação ou demanda que porventura venha a ser apresentada em juízo ou fora dele.
6.4.A literara reserva-se o direito de alterar qualquer item desta Antologia, bem como interrompê-la, se necessário for, fazendo a comunicação expressa para os participantes.
6.5. A participação nesta Antologia implica na aceitação total e irrestrita de todos os itens deste regulamento.

poesia


"De tanto amor"
por: Reinaldo Lamenza

"De tanto amor"

Doce
É o néctar
Do seu beijo
Abraço seu corpo
Acaricio
Pele alva
Macia
Suspiros
Emoções
Tornam-se realidade
De tanto amor
Que sinto por você
 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Texto de Izabelle Valladareres- Mutação diária

Há cada dia que passa vejo o quanto eu mudo!
Coisas que me parecem tão concretas, de uma hora pra outra perdem o sentido e o valor em minha vida.
Muitas coisas que começo não termino, muitas coisas que planejo deixo de lado, antes que os planos comecem a serem postos em prática, dietas que diuram tr~es dias, relacionamentos que seriam eternos que duram duas semanas, telefonemas que deveriam ter sido dados e não foram,palavras que deveriam ser ditas e não foram.
Muitas vezes me olho no espelho tentando de verdade me enxergar, rio pra mim mesma,olho nos meus olhos tentando descobrir se eu sou eu, ou outra pessoa tomou o meu lugar.Lembro-me dos meus sonhos que deixaram de existri e da dura realidade que acorda comigo diariamente,e quando chega o final do dia, me enxergo completamente diferente da manhã.
Um dia acordo mãe e vou dormir mulher.                                              
Um dia acordo guerreira e vou dormir fraca.
Um dia acordo santa e vou dormir feiticeira.
Um dia acordo Feia e vou dormi linda.
A vida é assim, acho que com todas as mulheres, nossos hormônios entram em ebulição o dia todo, seja na hora da raiva, seja na hora do prazer, seja na hora da caridade que muitas das vezes nos leva as lágrimas.
E percebemos o quanto a máquina que nos rege, o nosso corpo, é complexa.
Nossa alma é grande demais e tem horas que parece sumir nas lágrimas na madrugada de solidão.
Nosso riso parece explodir nas lembranças de coisas que parecem que só nós vivemos.
A cada dia mudo, fisicamente e emocionalmente.
As barreiras da vida me tornaram fortes.
As desilusões me tornaram dura.
As paixões me tornaram espertas.
As mágoas... ah as mágoas... essas me tornaram esquecida!
Para que remoê-las? Para que lembrá-las? Essas deixo que se percam nas linhas de minhas mãos, já traçadas e que sabe Deus ou o destino aonde querem me levar.
Se sou casulo de amores, se sou metamorfose de lagarta, os se sou Vôo de borboleta eu não sei.
Sei que hoje sou uma e amanhã, sabe lá o que serei? Também não quero saber, quero só viver, por que amada certamente eu serei, mudando ou ficando a mesma, sorrindo ou chorando, simplesmente assumindo minha mutação diária!

sábado, 18 de setembro de 2010

Texto de Clarice

O PRIMEIRO BEIJO

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela? perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.

Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.

Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.

Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.

Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...

Ele se tornara homem.

(In "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998)

Ação social de Izabelle Valladares no Hospital da criança

A escritora Izabelle Valladares, criou a ação social um dia de cultura + saúde, em que leva livros infantis de sua autoria , como a Viagem mágica de Bia e Dora , entre outros , nas enfermarias infantis, e conta com  o apoio de outros escritores de trabalhos infantis para estar ampliando esta distribuição.
Este ano contou com a ajuda de Ceiça Esch, caso você escritor, possa estar doando livros ou mandando livros de sua autoria, entre em contato com a escritora em seu site www.izabellevalladares.com.br

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Izabelle Valladares (Espelhos de tortura)

Espelhos de tortura








Ali do alto do forte, soberano sobre as águas, Joana observava a amplitude da natureza.
O mar de um azul cristalino mostrava no cintilar de pequenos brilhos prateados sobre as águas, um cardume que parecia uma onda de paetês lançada a mercê do vento.
A brisa tênue e fresca refrescava a tarde e provava a Joana como era bom estar ali, e viver ali.
Mas nem sempre fora assim.
Joana era jovem, não tinha vinte anos ainda, e a vida inteira se dedicara aos afazeres domésticos impostos pelo pai e pelo meio irmão.
A mãe morrera ao lhe dar a luz, em um parto de risco aos quarenta anos de idade, morte esta nunca perdoada por seu pai. O que sempre atormentara a vida de Joana.
Em sua casa não havia festa, nem qualquer tipo de comemoração, não havia música ou sorrisos, só o silêncio e a tristeza imperavam no casarão.
Morava na que um dia, fora a casa mais bonita da cidade em que viviam da colina a vista para o mar era pitoresca, e perfeita, e o som das ondas embalava o sono de Joana, na infância sofrida e abandonada.
Seu pai era um coronel reformado do exército brasileiro, que tivera os melhores meses de sua vida ao descobrir que seria pai de uma menina aos cinqüenta anos de idade, mas após uma gestação complicada, a felicidade transformou-se em tristeza e o que era vida, transformou-se em luto.
E a culpada da morte de Dona Eulália era uma só: Joana.
E a amargura da saudade transformara-se em depressão.
E nada mais fazia sentido.
Joana fora criada sem carinho, sem abraços, sem presentes, apenas como um soldado que recebia ordens.
Contra tudo e contra todos, fora proibida de estudar, de ir às missas, de ter amigos.
Quando a adolescência chegou e a coragem da idade lhe fez sair de casa uma noite para ir a uma festa da cidade, ás escondidas, a surra que recebeu dos dois, foi tão grande que parecia mais o desabafo de dois corações amargurados.
Á partir dali, Joana calou-se.
Nunca mais fora ouvido um só ruído de sua boca, nem de dor, nem de frustração, nem de cansaço, ela simplesmente calou-se.
Nos meses que se seguiram, uma forte epidemia de ratos tomou conta da cidade.
Seu pai odiava-os e passava o dia atirando nos ratos com sua espingarda. Uma senhora que morava em uma aldeia próxima, vendera ao coronel um veneno com a promessa que extinguiria os ratos que insistiam em habitar o forro do casarão.
Joana ouvia os dois resmungarem, e ouvia seu irmão afirmar que os ratos eram resultado do envelhecimento dos morcegos que perdiam suas asas. Joana nem se incomodava com as tolices que diziam, na verdade estava gostando da distração dos dois em caçá-los e deixá-la um pouco mais á vontade com sua solidão.
A única lembrança que Joana conseguiu guardar de sua mãe foi uma almofada em formato de coração, feita por ela mesma. Que Joana achara em um dos aposentos, pouco utilizados pelo pai.
Joana guardou-a como quem guardara um tesouro, escondendo-a a sete chaves em seu armário, porque seu pai e seu irmão, nunca permitiriam que ela tivesse qualquer objeto da mãe, afinal, a morte dela fora culpa dela, pelo menos era com esta sensação que Joana vivia o tempo todo.
Em uma noite tumultuada, aonde o ninho de ratos parecia estar em festa, Joana fora acordada pelos dois, para que entrasse no sótão escuro para colocar o veneno no foco dos ratos.
Joana, sonolenta, pensou em negar a situação, mas o simples pensamento de ter que falar em sua defesa, para ela já era penoso demais.
Preferiu manter seu silencio oportuno e calar-se aceitando mais uma vez a humilhação de ter que no meio da noite, resolver um problema que nem a incomodava.
E tamanho era seu sono, que Joana simplesmente distraiu-se e esqueceu a porta do seu quarto aberta.
Seu irmão, pela primeira vez em muitos anos entrou em seu quarto e viu a almofada que pertencera a Dona Eulália em cima da cama. Na hora nada falou, mas sabia que seu pai a puniria por esconder aquilo dele,nada dentro do casarão poderia acontecer sem seu consentimento .
Jades , como se chamava,o irmão, tinha dez anos há mais que Joana e era filho do primeiro casamento do coronel Bentes. Nunca fora atraente, e uma proeminência no queixo, fazia com que seu insucesso com as mulheres fosse ainda maior. Não havia visitas, não havia namoradas, não havia passeios, apenas umas noites de bebedeiras em algum prostíbulo da cidade.
Na noite seguinte á barulheira feita pelos ratos no sótão, passos foram ouvidos no corredor da casa durante á madrugada.
Joana pode perceber quando, alguém parou em frente á sua porta.
A sombra de Jades em seu quarto assustou-a de imediato, quase a fazendo quebrar seu silencio.
As mãos de Jades começaram acariciando seus pés e foram subindo em direção as suas coxas.
Em um impulso de defesa, Joana levantou-se e acendeu a luz.
Jades com um olhar de quem como Joana, não sabia o que era amor, apontou para a almofada em cima da cama.
_ O coronel não vai gostar de saber disso!
Então era aquilo! Jades queria trocar carinhos com Joana em troca do seu segredo.
Joana temia o irmão, mas temia ainda mais a reação do pai, ela em sua consciência mais profunda sentia-se culpada pela morte da mãe. E a última surra que levara, deixara-a com um joelho com seqüelas
E foi assim que o purgatório em que Joana vivera a vida inteira transformou- se em inferno.
Nas noites que se seguiram, uma após a outra, as visitas de jades eram constantes.
Começou com carinhos em suas pernas e seios, partindo logo em seguida para a consumação do fato.
Os estupros eram freqüentes e múltiplos em algumas noites.
Nas noites em que Jades saía para beber, as coisas tornavam-se ainda piores, vivenciando seus fetiches, Jades esbofeteava sua face, chegando até mesmo a cuspir nela em algumas das vezes e Joana sentia-se ainda mais humilhada por ter que passar por tudo aquilo.
Alguns meses depois o inesperado, mas lógico aconteceu.
Os enjôos matinais e o aumento das mamas fizeram com que a lavadeira, única criada que tinha acesso á casa, percebe-se a gravidade da situação de Joana.
Já havia percebido as manchas de sangue e de sêmem em suas roupas de cama e em suas roupas de dormir, não sabia, mas imaginava o que estava acontecendo ali.
A princípio desconfiou do pai e pensou em denunciá-lo, mas a fama de opressor do coronel a fizeram mudar de idéia e não se meter nos assuntos da família.
Tentou aproximar-se de Joana e ajudá-la, com o cuidado de não ser vista em sua companhia.
Tamanho susto tomou ao descobrir que Joana falava. Há anos trabalhava ali e nunca tinha ouvido um ruído sequer daquela moça.
E Joana chorou e colocou toda sua angústia para fora, todo seu sofrimento e toda sua tristeza.
Contou-lhe do motivo banal da permissão dos estupros e de toda humilhação que vinha passando.
A humilde lavadeira era astuciosa, e resolveu ajudar Joana, que sequer imaginava que um filho dela com seu irmão estava a caminho.
Como o andaço de ratos na cidade era grande, não foi difícil colocar o plano em prática.
Colocaram no sótão infestado de ratos, tecidos que podiam absorver e abrigar as fezes e urina de seus algozes.
Com o cuidado de não se infectarem, começaram a contaminar os objetos pessoais de uso diário do coronel e de Jades, passando os tecidos nos garfos, copos e pratos da casa.
Como era de se esperar, em muito pouco tempo a leptospirose se instalou no organismo dos dois, levando-os rapidamente é morte.
No período da doença dos dois, Joana experimentou um sentimento de alívio e vingança.
Quando os dois morreram, Joana pela primeira vez saboreou o gostinho da vitória associado ao sentimento de paz.
A Lavadeira tornara-se sua melhor amiga, e no dia do seu parto, esteve ao seu lado o tempo inteiro, como uma mãe cuida de uma filha.
Sua filha chamou-se Eulália, em homenagem á avó, e para a felicidade de Joana, a menina em nada lembrava Jades.
Nas primeiras semanas após o parto, um sentimento de tristeza e depressão foi crescendo em seu interior e tomando cota de sua alma e de seu coração.
Andara pelos corredores e lembrava-se dos horrores vividos ali.
Olhava Eulália e lembrava-se de Jades com suas mãos grotescas invadindo sua intimidade e arrancando sua inocência.
Olhava a casa minuciosamente arrumada e lembrava-se dos anos em que era comandada pelo coronel com mãos de ferro, que passava o dedo nos móveis ao chegar a casa, para ter a certeza que o serviço imposto á Joana havia sido cumprido.
E em uma dessas tardes de imensa angústia Joana deixara Eulália em casa com a lavadeira e dirigira-se até o forte. Precisava ver algo realmente bonito e vivo, precisava respirar a brisa do mar, sentir o vento em seus cabelos, enfim, sentir-se bem.
Mas ali naquele momento, Joana só sentiu o que não queria.
Aprendera desde o nascimento a ser oprimida e agora não sabia ser livre.
Não sabia viver sem receber ordens, não sabia caminhar sozinha, não sabia ser mãe.
As lágrimas molharam um tímido sorriso em Joana, pela simples aceitação de entender que não viveu para ser livre.
Ao olhar as pedras emergirem do mar com o vai e vem da maré, Joana não pensou duas vezes, em 4 segundos de queda, entendeu o que o coronel lhe dissera a vida toda, não era para ter nascido.
A morte de Joana foi o espelho de sua vida, triste, só e silenciosa.
A lavadeira que tomava conta de Eulália levou-a para longe do casarão e de toda aquela triste história. Criando-a em um ambiente humilde, mas libertando-a do mal que acometera sua família.
Até hoje o casarão amaldiçoado continua lá no alto da colina, alguns ignorantes temem se aproximar, achando que o mal que ali existiu era obra do sobrenatural, não sabendo eles que o maior de todos os males está no mundo real, na hierarquia imposta pela mente humana.
Ao trancar o casarão, a lavadeira fez uma breve oração, e em nenhum momento se arrependeu de ter arquitetado o plano.
Pegou a chave e lançou á ao mar, como se pudesse trancafiar pra sempre esta triste história, naquele espelho de águas que serviram de cenário para o fim de uma família, e que muitas das vezes refletem o aspecto das almas em movimentos de calmaria e revolta, dia após dia, dando-nos a impressão de olhar o seu horizonte e achar que não tem fim.


 Izabelle Valladares

Pela luz dos olhos teus

Pela luz dos olhos teus


Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.
Vinícius de Moraes

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ação social das lindas escritoras Izabelle Valladares e Ceiça Esch


Hoje via a postagem no blog da minha amiga e escritora Izabelle Valladares, uma pessoa que é muito boa e merecedora de todo o sucesso que possui, sobre uma ação que faz em hospitais infantis.
No próximo evento desta escritora, estarei doando meus livros e convidando os amigos a fazerem o mesmo, são pessoas lindas como estas que fazem a cultura de nosso país andar pra frente.
Já era sua fã, por todo apoio que me deu desde o início, agora sou mais ainda.


Crônica do amor !

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Arnaldo Jabor